domingo, 26 de dezembro de 2010

Bandit Queen - Rainha Bandida डाकू रानी ڈاکو رانی




Bandit Queen – Rainha Bandida
Em hindi: डाकू रानी
Em urdu: ڈاکو رانی
A exploração da mulher na Índia rural 
Elenco: Aditya Shrivastava, Anirudh Agarwal, Govind Namdeo, Manoj Bajpal, Nirmal Pandey, Ram Charan Nirmalker, Saurabh Shukla, Savitri Raekwar, Seema Biswas.
Gênero: Drama Biográfico.
Áudio em hindi, legendas em inglês ou português.
 
Dirigido por Shekhar Kapur, que em 2010 foi jurado no Festival de Cannes, Bandit Queen (Rainha Bandida -  1994) é um filme feito para chocar. É baseado na vida de Phoolan Devi, famosa bandida indiana, que depois de cumprir pena por assalto e formação de quadrilha, foi eleita deputada na Índia. Casamento infantil, pedofilia, cenas de estupro individual e coletivo, degradação feminina e muita violência. 
 Quando eu vi esse filme há alguns anos, achei que o diretor Shekhar Kapur exagerou nas cenas. A escritora feminista indiana Arundhati Roy por sinal pensou o mesmo. Escreveu um artigo de crítica sobre o filme, ‘The Great Indian Rape Trick’ (O grande truque indiano do estupro), no qual questiona o direito do diretor de exibir no filme cenas de estupro da história de vida de uma mulher ainda viva, sem a permissão legal dela.  
Arundhati acusou Shekhar Kapur de explorar a imagem de Phoolan Devi e mal representá-la no cinema, distorcendo sua vida e seu significado. A própria Phoolan reclamou do filme, e o considerou uma invasão de privacidade, pois foi realizado sem a permissão dela. Ela temeu que o filme pudesse ser usado contra ela. 
 Apesar das críticas, o filme foi muito premiado. Recebeu o National Film Award de melhor longa-metragem em hindi de 1996, e Seema Biswas ganhou na categoria de melhor atriz. Phoolan Devi nasceu na casta dos mallahres, ou seja, barqueiros, na Aldeia de Gorha ka Purwa, no Estado de Uttar Pradesh. A casta da família dela era considera inferior, mas eles não chegavam a ser considerados ‘outcaste’ (indianos fora do sistema de casta). Ela era a segunda filha de uma família com quatro meninas e um menino. 
A biografia dela, ‘Eu, Phoolan Devi, a rainha dos bandidos’ e o filme contam histórias diferentes. Na biografia, a família tinha um terreno próximo à G.B. Road, no qual havia uma enorme árvore Neem, que era considerada a poupança da família. As árvores de Neem são usadas na Índia para extrair vários medicamentos, por isso são consideradas Sagradas. Phoolan e as irmãs eram constantemente espancadas pelo tio, Bihari, que deixou a família dela sem herança. 
Quando Phoolan completou 10 anos de idade, seu primo, Mayadin, filho de Bihari, se tornou o chefe da família. Ele contratou trabalhadores para cortar a árvore Neem e vender sua madeira, ficando com o dinheiro para si próprio. O pai de Phoolan não se importou, mas ela protestou contra o primo, pois o dinheiro da venda da árvore seria usado para o seu dote de casamento. Ela o desafiou, chamando-o publicamente de ladrão. Ele a trancou num quarto de parede de tijolo, mas ela não desistiu. 
Por fim, ele arranjou o casamento dela com um homem bem mais velho, Putti Lal, que vivia numa aldeia distante. Em sua biografia, Devi fala que Putti Lal era um homem mau-caráter. Nesse ponto inicia o filme, com Phoolan (Sunita Bhatt, quando criança, e Seema Biswas, na idade adulta) sendo dada em casamento aos 11 anos de idade. No filme, a mãe, Moola (Savitri Raekwar), foi contra, pois ela ainda era muito criança, com o corpo não desenvolvido. 
 Mas o pai, Devideen (Ram Charan Nirmalker), permitiu o casamento, pois considerava cada filha mulher como uma maldição a ser carregada. Phoolan sofreu sucessivos abusos físicos e sexuais, tanto do marido, Putti Lal (Aditya Shrivastava), quanto da mãe dele. Era obrigada a fazer sozinha todo o serviço da casa, espancada e violentada. Por esses motivos, ela logo fugiu do casamento e voltou à aldeia onde morava. 
Por ter largado o marido, foi banida da própria casta e considerada impura. Na própria aldeia, ela cresce e atinge uma idade maior. Um dia, é perseguida por alguns rapazes de uma casta superior, os thakurs, e um deles tenta agarrar ela. O caso é levado ao Conselho dos Anciãos, a panchayat, e injustamente eles decidem bani-la da aldeia. 
Ela vai morar com o primo Kailash (Saurabh Shukla), numa outra aldeia, e passa algum tempo feliz. Kailash tem contato com alguns bandidos, da gangue do Babu Gujjar (Anirudh Agarwal), e eles logo se interessam por Phoolan, que conversa com eles sem nenhum temor.
Em casa, Phoolan desperta os ciúmes da esposa de Kailash, que o pressiona. Ambos decidem falar com Phoolan, perguntam a ela quanto tempo pretende ficar. Ela se enfurece e decide partir. 
Quando retorna à própria aldeia, alguns policiais a capturam, a mando dos membros das castas superiores. Na cadeia, ela não somente apanha, como é violentada por vários homens.  Ela é solta mediante fiança paga pela casta dos thakurs, e retorna para casa. Em casa, é rejeitada pela família, que a considera culpada de tudo. De noite, a gangue de Babu Gujjar assalta a casa de Phoolan, e a seqüestra. Eles a levam como refém, e ela é constantemente estuprada por Babu Gujjar.
 Um dos membros da gangue, Vikram (Nirmal Pandey), se compadece de Phoolan, e mata Babu com um tiro, quando vê que ele está novamente se aproveitando de Phoolan.
Vikram e ela começam um relacionamento, e a gangue de ambos vai ficando cada vez mais famosa. Phoolan passa a ser conhecida como a reencarnação da Deusa Durga, entre a população mais pobre, e sua fama alcança todas as aldeias do país.
B

B
"Aldeia Behmai
Phoolan: Não me bata.
Shri Ram: Para que mais você serve?
Vikram era um tolo
por mimar você.
Três dias depois
Shri Ram: Puxe água do poço.
Estou com sede.
Agora, vá assim.
Vá, ou eu quebrarei você.
Vejam, esta é a rainha
dos desfiladeiros!
Phoolan Devi,
eles a chamam de Deusa!
Esta coisa me chamou
de filho-da-puta!
Isto é o que fazemos
com as deusas de casta baixa!".